domingo, 13 de março de 2011

Crise regionalista brasileira

Um amigo paulista me disse uma certa vez: "gente boa, que seja capixaba, ou é feio ou precisa de dinheiro emprestado."

Além de não ter concordado com ele, como um capixaba esperto, passei a tratá-lo com desdem.

Nunca me senti tão lindo e rico depois disto.

Tarcisio Marchiori Junior

terça-feira, 1 de março de 2011

Meu culto Fúnebre

Um cisco. Um pedaço para completar. A agulha no palheiro. O recheio é feito daqueles confeitos de padaria que nunca compram. Aliás, a mesma coisa, porém diferente. O ‘raio’ ensurdecedor e o ‘trovão capaz de cegar. Sou assim, o contrário.

Tentaram me virar ao avesso e viram uma pessoa normal. Enjoaram do resultado e brincaram de revirar-me de volta. Quando foram juntando as peças restava uma do lado de fora. Com receio, me ligaram na voltagem 110 e continuei a funcionar – não foi “perda total”. Todavia, reagia diferente. Até hoje continuam a remontar-me, almejando conseguir tornar aquela “coisa” que fui outrora.

Uns desistiram e acostumaram como sou, outros sumiram – tornaram-se céticos e continuaram interessados nas mesmas coisas que eu não podia mais oferecer, outros... Todas as vezes que pretendiam me consertar, eu me transformava, agregava ou assumia uma personalidade diferenciada e, o pior, as peças continuavam a sobrar no final de cada remontagem.

Certa vez, procurei repor algumas peças por outras novas, colocar material nunca antes utilizado. Infelizmente mandaram uma carta desculpando-se, pois não havia representação para a finalidade procurada por mim aqui na Terra. Fui obrigado a dar boas risadas disso. Vários eram os sentimentos que se misturavam no momento da leitura da carta resposta.

Embora, só vivemos uma única vez, sem direito a drásticas reparações, só EU vivo esta vida, mais nenhum moribundo – este ache um corpo para ficar e fique longe do meu! Fiquei feliz com isso, pois odiaria a possibilidade de viver neste esquisito habitat com uma alma diferente da minha, por outro lado, fiquei triste com o desgaste desnecessário que fui submetido.

Hoje tardiamente, sei que existem técnicas para sobreviver por mais tempo, no entanto, posso viver feliz com o que sou e pronto! Diferentemente de pressa, estou ansioso para chegar o dia da partida com destino ao paraíso o qual tenho investido desde minha infância e, por falar nisso, está sendo construído por um Revolucionário que amo do fundo do meu coração. O meu investimento? Uma merreca, minha vida que é um cisco confuso, difícil, inútil, sem...

Claro que o pagamento foi simbólico! O que pagou de fato a minha passagem foi algo chato que o tal Revolucionário escolheu fazer em meu lugar.

EPITÁFIO: Viver com todas as minhas forças vãs é um ato de gratidão. Assim, penso que a vida acaba, continuarei alegre: morrer é lucro!!

Tarcísio Marchiori Jr.


Texto reeditado para publicação no Jornal O Liberal de Sergipe.
Editado pelo Tarcizio Barbosa.