quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Não hesite e cuidado com teu nariz!

Quando ouço a palavra "mudança", sinto calafrios. A primeira coisa que observo é se estou sozinho ou se há pessoas por perto para dar aquela mãosinha. Mudanças, aparentemente, são fáceis de encarar sozinho. Mudar o corte de cabelo, o estilo da roupa, a casa e bairro, o carro, a calota do carro, a cor das lentes de contato, o estilo do corte de cabelo e a cor do corpo. Michael Jackson, por exemplo, não hesitou nem um pouco quanto isto, presumo.




Acontece que muitas vezes mudar é fruto dos nossos desejos. E quando começa a "arder nas vistas" das pessoas da nossa convivência nascerá um problema, conflito. Daí a mudança pode ficar difícil de ser encarado sozinho. Diria que a mudança começa se tornar um fardo quando deixamos de ter apoio. A mudança, que seria pra alimentar um desejo intenso, acaba se tornando um pesadelo. E de pesadelo, nasce a frustração.




Quanto ao problema nascido, dá vontade de gritar bem alto: "O problema é MEU e quem vai ficar com uma nareba desse tamanho sou eu! Me deixa!", que é a pura verdade, mas não seria a melhor maneira de encarar as pessoas que vão contra ao que você estabeleceu como meta para realizar teus desejos. Ser ignorante só vai dificultar a aceitação tardia das pessoas. Apesar que no passado bem recente achava que usar de ignorâncias e rispidez ajudava no processo de encurtar aborrecimentos. Entretanto, tardiamente, entendi que a ignorância é uma fruta verde porém com uma casca aparentemente madura. Quando você morde, as pessoas de longe até pensam que você se deu bem, que tá comendo uma fruta super suculenta. Mas só você sabe como o gosto é ruim. Acontece sempre aquela força extra para disfarçar o gosto, força tal também chamada de "orgulho". A mesma coisa seria tomar uma xícara de chá de boldo e fazer aquela cara linda de quem está tomando um chá gelado Nestea sabor pêssego.

Muitas vezes a melhor tática pra sair de tudo numa boa é se passar por maluco. Ser maluco é uma alternativa para outras coisas, como se um dia quiser matar alguém e não ser enquadrado severamente pela justiça ou querer se aposentar por invalidez. Existe ainda a compensação histórica sobre a maluquice, onde os maiores gênios, na hora das drásticas mudanças de pensamento e quebras de paradigmas, foram considerados malucos. A insanidade é uma compensação psíquica para dar férias aos ânimos.

- Burro, você está indo em direção errada. Por que você mudou a rota, seu idiota?
- Quê? Han? Como é que é? Um negão quis cortar teu cabelão? Vamos ao fórum que há sempre uma solução!
(não sei por quê? Mas doido adora rimar)

Por outro lado, se vivemos numa sociedade moderníssima no qual as pessoas estão pouco se lixando para o estilo que adotamos, é porque estamos com sorte. É raro achar um paraíso assim. Se eu não fosse tão pessimista, chamaria tal lugar de Adalto Botelho. A possibilidade de existir lugares assim se deve ao fato de que estamos encarando uma nova era onde as pessoas estão menos sensíveis às mudanças. Graças ao advento da tecnologia e da propagação da cultura em massa. Segundo Glória Kalil, a moda e as tendências comportamentais estão cada vez mais pulverizadas. Não existe mais a tendência correta para um comportamento em geral, já que as tribos se multiplicaram demais. Hoje, o padrão "mais correto" para viver, vestir, comer, andar, se portar é extremamente dependente do grupo que você resolveu se encaixar. Veja por exemplo as instituições religiosas, onde os padrões, até pouco tempo, eram rigidamente padronizados.

Nos últimos meses frequentei uma denominação onde lá existiam várias tribos: a das Patricinhas, a das Normais, a dos Surfistas, a dos Tatuados e Cheios de Piercings, a dos Que Usam Toca, das que Usam Saia, as que Não Usam Óculos Escuros na Cabeça, as que Odeiam Chapinha Japonesa, as que Vivem Hospitalizadas por Intoxicação ao Formol, as que Usam Bermuda, e etc. Além de prestar culto ao Deus (a única coisa aparentemente comum naquele lugar) eu também ficava observando esta harmonia de ser diferente com a gostosa sensação de estar neutro. Eu era o único de branco-uniformizado (ia pro serviço logo em seguida). Foi interessante: ninguém opinava ou demonstrava reação de estupor pelo estilo alheio. Além de ser único na vestimenta, somente eu acessava a bíblia on-line pelo celular na hora da EBD e ninguém "torcia o nariz" pra mim "gritando aos meus olhos" a impressão de que eu era um mauricinho filho da puta que estava lá pra se mostrar. Li Mateus 15: 7 até 11, e depois acessei o MSN pra ver quem estava on-line. Sabe como é, né? Ninguém é de ferro.

Infelizmente, num ambiente tão moderno quanto parece, ainda pode existir a contradição tendenciosa humana de se criticar as mudanças e as diferenças (parece mais uma síndrome de fobia). A contradição é que este tipo de gente concorda com o provérbio: "Os incomodados que se mudam". Rejeitam o que é diferente, abominam mudanças, se incomodam, mas não se mudam! Tem gente que sente dor de cabeça só porque "Mariazinha" mudou a cor do cabelo de preto pra loira-exageradamente-puta. Muitas vezes praguejam contra, falam palavras de maldição, desejando que a "Mariazinha" fique com o cabelo de pico pro resto da vida.

Caso queira mudar, e se já mudou, não esqueça: o grande "xis" da questão é saber tirar o saldo das tuas mudanças à tempo, antes que seja tarde demais. Lembre-se, nem sempre mudar é sinônimo que tudo obrigatoriamente tem que ficar bem. Esquecer os paradigmas e evoluir é o segredo para sobreviver neste mundo globalizado. Mundo globalizado requer mudança e muitas vezes, só uma adaptação. É só saber planejar.

E por falar em planejamento, caso ainda queira mudar e não teve coragem, e é uma daquelas pessoas chatas que adoram fazer planejamento, leia este último conselho que vou lhes passar abaixo. Não arrume as malas da mudança. Espere!

Pra você ter uma idéia se vai bombar na mudança, encare-a como se fosse vestir-se para uma ocasião qualquer. Você escolhe a cueca/calcinha, calça/saia, blusa/top/vestido/ sutien, sapatos/sandalhas/tênis, enfim, você monta teu "script" corporal e, ao vestir, corre para o espelho e se olha de frente, pois precisa ver se tudo combina, e se está ok. Verifique se atende aos objetivos previamente traçados. Como as coxas/culote/batata da perna estão se comportando? Ficou saliente como queria? E a barriga? Conseguiu disfarçar? E aquela tática de dar 3 passinhos, virar meia volta e deixar o blusão deslizar, mostrando os ombros nús? Vai dar certo? Ótimo. Estou ótimo(a)! Vamos arrazar!

NÃO!

Claro que não. Antes de colocar teus planos em ação, faça o seguinte: dá uma meia volta e olhe-se no espelho de costas. Sim, dá uma voltinha e veja no espelho como você ficou "por trás". Que decepção, né? Tudo na vida sempre tem o "lado da bunda". O lado que fica difícil enxergar, mas é essencial para evitar aborrecimentos das pessoas incomodadas, mas que nunca se mudam.

Pra você entender melhor a metáfora, vou citar um exemplo prático: quero mudar para uma Cobertura na Praia da Costa (ou qualquer área nobre que você conheça). Então, sem planejar direitinho, você vai e põe teu plano revolutivo em ação e pensa logo: "Vou pegar geral, heim?" Cada princesinha melhor que a outra vão entrar no meu Apê. Vou ficar bem na foto pra caramba!

Então, depois que passar um mês (o outro lado que você esqueceu de olhar), vem a conta do condomínio. Putz?! R$ 2.599,00? Credo! Vou voltar pra casa dos meus pais! Na volta, olha todo o plano e pensa: poxa, eu estava tão confiante que ia dar tudo certo! Não, péra ai, deixa eu me olhar de costas e... nossa! Minha bunda ficou horrível. Minhas costas tem um rasgadão que nem reparei! O que o cabelereiro fez no pé do meu cabelo? Estou uma merda! Ou seja, cobertura nenhuma por enquanto.

Confesso que sinto inveja do comportamento indiferente de certas pessoas, como Michael Jackson, por exemplo. Tenho a impressão que ele está pouco se lixando para o que os outros pensam dele. Só me vêm a dúvida se ele realmente acha que está bombando ou é acesso de loucura. Sei lá! Queria aprender ser indiferente as vezes em certas reações alheias.

Crônica baseada:
- Nos pensamentos de Alex Paiva
http://epstemologia.blogspot.com/2009/02/metamorfose-ambulante_26.html
- Na palestra da consultora Glória Kalil (no Centro de Convenções de Vila Velha)
- E qualquer outra semelhança, é mera coincidência.

TARCISIO MARCHIORI JUNIOR

2 comentários:

  1. A verdade coloquial dessas palavras me força a nao descrer na perfeição de cada vírgula aqui posta.

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  2. SOBRETUDO NAO CONSIGO ESCONDER A INVEJA QUE SEU BLOG TEM HORAS E O MEU NÃO.


    É MAIS FORTE DO QUE EU.


    ALEX PAIVA

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